terça-feira, 23 de novembro de 2010

QUEM NÃO PODE CANTAR SEJA FELIZ - Merlânio Maia

Inda ontem ao chamado da poesia
Decantei com os maiores do Universo
Com Leandro de Barros teci verso
E com Pinto cantei com alegria
Com Catulo chorei de nostalgia
Mas com Cego Aderaldo me refiz
E no canta-que-canta e diz-que-diz
Vislumbrei Castro Alves como um santo
Escutando as estórias que ora canto
Quem não pode cantar seja feliz

Vi Olavo Bilac escrevendo
Um soneto que decantava estrelas
Vi Boccage mirando para vê-las
Lá do alto Vinícius foi descendo
Guerra Junqueiro foi me envolvendo
E dizendo para meu grande espanto
Que poesia é uma forma de encanto
É o ingresso ao celeste país
Quem não pode cantar seja feliz
Escutando as estórias que ora canto

Zé da luz na cadeira a balançar
Declamava a mais pura e bela trova
O Formiga e o Cornélio davam prova
Que eram bons, no Galope a Beira Mar
Lourival e Marinho a glosar
E as violas continham tal verniz
Que brilhavam na luz de fino giz
E o trinado parecia acalanto
Escutando as estórias que ora canto
Quem não pode cantar seja feliz

Foi a noite mais bela dessa vida
Com milhares de poetas de além-cova
E ali, produziram-se as provas
Que a vida é infinita e incontida
E os poetas me deram acolhida
E essa noite eu vivi cheio de encanto
Quando aqui despertei verti meu pranto
Desejando voltar ao tal país
Quem não pode cantar seja feliz
Escutando as estórias que ora canto

Nenhum comentário: