domingo, 1 de novembro de 2009

GRAÇAS AO SEGURO - por Merlânio Maia



Um advogado e um engenheiro estão pescando no Caribe. O advogado comenta:
- Estou aqui graças ao seguro, minha casa foi destruída num incêndio, o seguro pagou tudo.
- Que coincidência! - diz o engenheiro. - Minha casa foi destruída num terremoto e o seguro pagou tudo.
O advogado olha intrigado para o engenheiro e pergunta:
- Como você faz para provocar um terremoto?

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O ERRO DA VENDEDORA - Chico Pedrosa/PB




O ERRO DA VENDEDORA
(Chico Pedrosa)

O engano é uma falha
Difícil de reverter
Por ele tem muita gente
Pagando sem merecer
Quantos pobres inocentes
Tidos como delinquentes
Vivem a se lastimar
Pois se errar fosse humano
Quem cometesse um engano
Não deveria pagar.

Um estudante entrou numa
Loja especializada
Para comprar um presente
Para a sua namorada
Que estava noutra cidade
Depois de olhar à vontade
Os produtos da vitrine
Despertou-lhe o interesse
Por algo que aquecesse
Os dedos da mão de Aline

E um belíssimo par de luvas
Comprou para a namorada
E pediu a vendedora
Moça fina e educada
Que embalasse o presente
Inadivertidamente
No lugar da encomenda
A moça se atrapalhou
Invés das luvas botou
Uma calcinha de renda

E entregou para o moço
Que acabara de escrever
Um bilhete à namorada
Dizendo como fazer
Com aquele presentaço:
Minha querida um abraço
E beijos apaixonados
Meu amor esse presente
Vista pensando na gente
No dia dos namorados

Lhe comprei, porém, sabendo
Que você não vai usar
Porque quem nunca vestiu
É difícil acostumar
Eu mesmo queria ir
Pra lhe ajudar a vestir
Como eu fiz com a vendedora
E se nela eu gostei de ver
Eu imagino em você
Minha deusa encantadora!

Ela ainda garantiu
Que não mancha nem desbota
A mão entrando e saindo
Não rasga nem amarrota
Eu comprei frouxa na frente
Pra mão descer livremente
Na bainha dos torpedos
E sem precisar cortar
Lá dentro facilitar
O movimento dos dedos

Torço para que te sintas
Feliz com este presente
Que irá cobrir aquilo
Que pedirei brevemente
Cobrir aquilo que um dia
Quando eu não te conhecia
Não podia nem tocar
Hoje pego, beijo amasso,
Coço, massageio e faço
Você gemer e sonhar

Só uma coisa lhe peço
Depois que você usar
Coloque um pouco de talco
Que é pra desinfectar
E pra sair o mal cheiro
Feito isso o tempo inteiro
Pode usar e se exibir
Se perguntarem que deu
Pode dizer que fui eu:
Seu namorado Valdir

A pobre moça tomou
Aquilo por gozação
Num instante veio abaixo
Seu castelo de paixão
Despachou o namorado
Que até hoje o coitado
A culpa imerecedora
Carrega sem entender
E assim pagou sem dever
O ERRO DA VENDEDORA!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A DEFESA DA MULHER



A DEFESA DA MULHER
Merlânio Maia


Contam lá no meu sertão
Que uma jovem camponesa
Lutava no seu torrão
Pra levar comida a mesa
Com o seu machado se empenha
Fazer da árvore lenha
Com sua força juvenil
Quando num golpe mais forte
O seu machado erra o corte
E cai num profundo rio

Ela fica um tanto aflita
Pois só tem esse machado
Se ajoelha e diz contrita
- Ó Deus meu, Pai adorado,
Me socorre, meu Senhor
Ajuda-me, por favor!
E ao findar dessa oração
E esses clamores tão seus
A ela aparece Deus
E ela treme de emoção

E Deus mergulha no rio
Perigoso e agitado
Volta igual como saiu
E nas mãos traz um machado
Mas um machado de ouro
Reluzente qual tesouro
Que ele ostenta em sua mão
E pergunta do seu lado:
É este aqui o teu machado?
E ela lhe responde: É Não!

Deus mergulha novamente
E lhe traz outro machado
De diamantes reluzentes
De esmeraldas, cravejado
E pergunta: É este, então?
E ela lhe responde: Não!
Então Deus pula no rio
E sai com um machado bronco
Do cabo feito de tronco
E lhe pergunta gentil:

- É este aqui o teu machado?
E ela diz: Sim, meu Senhor,
Sou feliz por tê-lo achado!
E Deus cheio de esplendor
Lhe fala: - Tua atitude
Mostra que ainda há virtude
E foi bom ter te ajudado
És honesta e és decente
Por isso como presente
São teus esses três machados!

A mulher fica feliz
Agradece o seu presente
E a vida como a raiz
Se aprofunda e segue em frente
Certo dia o seu marido
Seguia o rio comprido
E o cavalo de repente
Se espanta e o joga no rio
E ela que a tudo assistiu
Se ajoelha penitente

E roga ali sem demora:
- Ó Deus, Tu és poderoso
Me socorre nesta hora
Salva o meu querido esposo
Deus veio logo que ouviu
E assim mergulhou no rio
E trouxe-lhe outro varão
Mais bonito e mais bem feito,
Que o seu marido. Perfeito!
O cabra era a tentação!

Deus lhe volta com a questão:
- É este aqui o teu marido?
E ela cheia de emoção
Diz: - Senhor, é o meu querido!
Deus enfurecido grita:
- Ousas me mentir gasguita
Eu que fiz a terra e o mar?
Infiel e sem vergonha!
E ela diz sem cerimônia:
- Senhor, eu posso explicar!

- Explica, infiel e inglória!
E ela diz: Ó meu Senhor,
Eu já conheço essa história
Das provas do vosso amor
Se eu renegasse este belo
Trarias lindo modelo
Pois sei que outro viria
E se eu negasse um por vez
Meu prêmio seria os três
E é pecado a TRIGAMIA!

E Deus Todo-complacente
Diz: - Tem lógica e tens razão
És astuta e boa crente
E tens belo o coração
E assim Deus foi convencido
Ela teve o seu marido
E a sua vida bendita
Moral da história é um conceito:
“A mulher mente de um jeito
Que até Deus acredita!”

sexta-feira, 22 de maio de 2009

A TRISTE FATALIDADE - Autor: Merlânio Maia

A TRISTE FATALIDADE

Autor: Merlânio Maia


Simeão de Pedro Bento

Juntou a família inteira

E firmou seu pensamento

De sumir de Catingueira

Pois a seca no sertão

Expulsava Simeão

Da sua terra natal

Assim juntou a família

E botou o pé na trilha

De São Paulo capital


Chegando na capital

Simeão se espantou

Tanto prédio vertical

No entanto ele encontrou

Uma oportunidade

Já buscava na cidade

Um emprego urgentemente

Pois se achava arranchado

Num barraquinho apertado

De um seu contraparente


Conseguiu se empregar

Depois de muito suplício

Seu trabalho era limpar

Vidraça de edifício

Passava dias inteiros

Junto de dois companheiros

Nos andaimes pendurado

Só assim pode alugar

Um barraco pra morar

Na favela do alagado


Mas o destino do pobre

Não cochila nem descansa

Não recompensa com cobre

Nem dá sombra ou água mansa

Mas quando quer maltratar

Faz no vigésimo andar

Como fez com Simeão

A barriga fez compressa

- Cumpade desça depressa

Num dá pra segurar não!


- Pois segure Simeão

Porque descer nem pensar!

- Ô rapaz faz isso não

Não consigo nem falar

Que o registro já fez bico

Arranje um balde, um penico

Ou desça no zum zum zum!

- Bata alí nessa janela

Peça ajuda a dona dela

Descer de jeito nenhum!


Bateu e gritou: Madama,

Me socorra, dê um jeito

Já tô me acabando em lama

E vou melar o rejeito

Logo a mulher protamente

Leva o Simeão valente

Pra que possa aliviar

E o pobre entra correndo

Que o monstro estava crescendo

E ele a gemer sem parar


Porém enquanto ele estava

Espremendo o fato seu

A corda que segurava

O andaime se rompeu

Os companheiros coitados

Lá de cima despencaram

Se esborrachando no chão

Simeão na tremedeira

Viu que aquela caganeira

Foi a sua salvação


No velório só falavam

Da triste fatalidade

E as famílias choravam

De desespero e saudade

A esposa de Simeão

Orava de gratidão

A Deus, por tê-lo poupado

Quando o dono da empresa

Trouxe uma grande surpresa

Pra família dos coitados


Isto nunca aconteceu

E a minha alma está presa

O meu coração doeu

Por isso a nossa empresa

Dará casas mobiliadas

Às famílias enlutadas

Pra alívio do sofrimento

E por dez anos de vida

Terão feira garantida

Pra amenizar o tormento


Cada uma das famílias

Ganhará vinte salários

E os órfãos filhos e filhas

Terão mais uns honorários

E até a faculdade

A educação de verdade

Eu continuarei pagando

E a mulher de Simeão

Diz metendo-lhe a mão:

E esse bonitão CAGANDO!!!