quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

E A TERRA CAIU NO CHÃO



E A TERRA CAIU NO CHÃO
Zé da Luz


Visitando o meu sertão 
que tanta grandeza encerra, 
trouxe um punhado de terra 
com a maior satisfação. 

Fiz isso na intenção, 
Como fez Pedro Segundo, 
de quando eu deixasse o mundo 
levá-lo no meu caixão. 

Chegando ao Rio, pensei 
guardá-lo só para mim 
e num saquinho de brim 
essa relíquia encerrei! 

Com carinho e com cuidado 
numa ripa do telhado, 
o saquinho pendurei... 

Uma doença apanhei 
e vendo bem próxima a morte 
lembrando as terras do norte 
do saquinho me lembrei. 

Que cruel desilusão! 
As traças, sem coração 
meterem os dentes no saco, 
fizeram um grande buraco 
e a terra caiu no chão.

Severino de Andrade Silva o poeta Zé da Luz, nasceu em 29 de Março de 1904, na cidade de Itabaiana/PB, foi alfaiate e devido as dificuldades de ganhar a vida, foi ao Rio de Janeiro e escreveu dois livros BRASIL CABÔCLO e SERTÃO EM CARNE E OSSO.

Seus poemas descritivos, além das narrativas profundas, das personagens fortes e marcantes, os versos eram trabalhados na sua sonoridade poética, com a perfeição profunda.

O poeta se utilizava do português cabôclo, nascido da oralidade nordestina, mas inseria a cultura do seu povo, os costumes, as alegrias, a fé e as dores de cada dia.

Um dos maiores poetas do mundo!

VIVA ZÉ DA LUZ!!! 

Um comentário:

Anônimo disse...

Achei legal o poema